A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deu início a um processo administrativo para apurar possíveis irregularidades envolvendo três ministros do governo Lula, que assumiram cargos no Conselho de Administração da Tupy, uma metalúrgica com ações listadas na Bolsa de Valores.
Os ministros em questão são: Carlos Lupi (Previdência Social), Anielle Franco (Igualdade Racial) e Vinicius Marques de Carvalho (Controladoria-Geral da União – CGU). Segundo informações do jornal O Estado de S.Paulo, os ministros não realizaram uma consulta formal sobre um possível conflito de interesses antes de aceitar os cargos na Tupy, empresa com 28,19% das ações controladas pelo BNDES Participações (BNDESPar), uma estatal.
Embora os ministros tenham iniciado seus mandatos no conselho em 2023, o caso foi enviado para análise da Comissão de Ética Pública (CEP) da Presidência apenas no final de 2024, após a CVM questionar a nomeação.
Em sua defesa, a CEP já se manifestou favoravelmente à presença dos ministros no conselho da empresa. No entanto, a comissão decidirá em 24 de março se abrirá um processo ético contra os ministros por não terem consultado a CEP antes de assumir os cargos.
Se houver violação ética, a penalização pode incluir uma “censura ética”, uma sanção que dura três anos e pode afetar negativamente o histórico profissional dos envolvidos.
Quanto à compensação, os ministros de Lula receberam, em 2024, 4,28 milhões de reais pela participação no conselho da Tupy, o que equivale a cerca de 39 mil reais por mês, além de 1,77 milhão de reais por sua participação em comitês da empresa. Combinando os proventos da Tupy e seus salários no governo, cada ministro recebeu mais de 83 mil reais mensais em 2024. Desde 1° de janeiro de 2025, os ministros passaram a ter um salário de 46.366,19 reais.