Projeto Inỹrybè: Revitalização da Língua e Cultura Karajá-Xambioá Ganha Força na Aldeia Ixybiowa
Santa Fé do Araguaia, 1º de julho de 2024 — A aldeia Ixybiowa, do povo Karajá-Xambioá, transforma-se em uma imersiva sala de aula a céu aberto a partir desta terça-feira. O projeto "Inỹrybè – Fortalecimento e Revitalização da Cultura Inỹ" entra em sua fase inicial, com o objetivo de resgatar e fortalecer a língua materna da comunidade. Apoiado pela Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais (SEPOT) e financiado por edital da Secult (Lei Aldir Blanc), a iniciativa promove uma abordagem educacional inovadora, unindo tradição e modernidade.
Preservação Linguística e Identidade Cultural
Igor Pankará, diretor de Proteção aos Povos Originários da SEPOT, destaca a importância do projeto:
"A proteção dos povos indígenas passa pela preservação de seus costumes. Ao viabilizar ações como esta, fortalecemos não apenas a língua, mas toda a identidade e o território ancestral."
O projeto propõe uma metodologia prática, com aulas baseadas no cotidiano da aldeia, ensinando desde o alfabeto e números até o grafismo sagrado e os nomes de frutos locais. A estratégia inclui:
✔ Transmissão oral pelos anciãos, guardiões da língua Inỹ;
✔ Materiais didáticos impressos e videoaulas para perpetuar o conhecimento;
✔ Envolvimento integral da comunidade, com foco em jovens, lideranças e educadores.
Autoestima e Reconexão Ancestral
Mairu Karajá, idealizador do projeto, relata sua motivação:
"Percebi que estava deixando de falar minha língua, e poucos materiais existiam. Hoje, queremos mudar essa realidade para que nossos jovens se sintam orgulhosos de suas raízes e possam fluir entre o Inỹ e o Português sem abrir mão de sua identidade."
A iniciativa vai além do ensino: busca elevar a autoestima da comunidade, combatendo a assimilação cultural forçada e reforçando o orgulho étnico.
Década Internacional das Línguas Indígenas e Projeção Futura
O Inỹrybè se alinha à Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032), proposta pela Unesco e ONU para conscientizar sobre a urgência de preservação linguística. Mairu revela um plano ambicioso:
"Queremos criar um instituto referência para todas as línguas indígenas do Brasil. Parcerias como a SEPOT, Funai e editais culturais são fundamentais para ampliar esse legado."
Equipe Multidisciplinar e Registro Histórico
Comandada por Mairu Karajá (mestre em Direito e doutorando na área), a equipe conta com especialistas em linguística, antropologia e educação indígena, além de uma equipe de comunicação para documentar todo o processo.
Galeria de Imagens:
📸 Mairu Karajá apresenta materiais didáticos do projeto
📸 Igor Pankará (SEPOT) e a equipe em ação na aldeia
Esta ação não apenas revitaliza uma língua ameaçada, mas tece um futuro onde a cultura Karajá-Xambioá permanece viva, resistente e valorizada.
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