O ex-presidente Jair Bolsonaro, do partido PL, fez uma aparição pública no lançamento da pré-candidatura do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) para a Prefeitura do Rio de Janeiro. Falando no evento no sábado de manhã (16 de março), Bolsonaro abordou as recentes alegações em torno do que foi chamado de “trama golpista” sem mencioná-las diretamente, afirmando ser vítima de “acusacões absurdas”.
Bolsonaro enfatizou ainda que não teme nenhum julgamento legal, mas destacou a importância de ter “juízes imparciais”, referindo-se implicitamente ao Supremo Tribunal Federal (STF).
“Não faltarão pessoas para me perseguir, para tentar me derrotar, para me acusar das coisas mais absurdas, até mesmo de assediar uma baleia na costa brasileira”, afirmou o ex-presidente. Ele continuou: “Escolhi voltar ao Brasil apesar de todos os riscos que enfrento. Não tenho medo de nenhum julgamento, desde que os juízes sejam imparciais”.
Expressando descontentamento com sua inelegibilidade eleitoral até 2030, decorrente de sua condenação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por ataques ao sistema eleitoral brasileiro em julho de 2022, Bolsonaro questionou novamente a decisão.
Além disso, Bolsonaro aproveitou a oportunidade para criticar o governo atual liderado por Luiz Inácio Lula da Silva, afirmando: “Sou um obstáculo para a esquerda. Esse governo apoia o MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra]. Durante meu mandato, o MST não teve espaço.” Por fim, Bolsonaro elogiou Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
O governador Cláudio Castro (PL) também compareceu ao evento para endossar a pré-candidatura do deputado federal.
Bolsonaro no Centro da Alegada Trama Golpista
Entre os 27 depoimentos com sigilo levantado pelo Ministro Alexandre de Moraes, pelo menos dois implicam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em uma alegada trama golpista. Segundo os relatos fornecidos pelo General Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, e por Carlos de Almeida Baptista Jr, ex-comandante da Aeronáutica, Bolsonaro teria participado da elaboração do chamado “esboço golpista” ou estava ciente de sua existência e não interveio. Além disso, sugere-se que ele possa até mesmo tê-lo incentivado.
Esses depoimentos, juntamente com o silêncio dos outros 13 indivíduos envolvidos (além de Bolsonaro), que optaram por não falar durante as audiências usando argumentos semelhantes aos do ex-presidente, complicam significativamente a situação legal de Bolsonaro aos olhos tanto do judiciário quanto da Polícia Federal.
Especialistas legais e investigadores da Polícia Federal, conforme relatado pelo Metrópoles, acreditam que essas revelações contradizem as alegações anteriores de Bolsonaro de aderir aos limites constitucionais.